quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Kosovo Independente



O Kosovo é o mais recente país do Mundo, depois de se ter proclamado, unilateralmente, independente da Sérvia! Situação que já era de antever, dada a recente evolução histórica de desmembramento do grande território anteriormente unificado sob o governo do General Tito, mas que ainda assim deixa em alvoroço a comunidade diplomática internacional. E porquê? Não porque, este desmembramento, já não tirado a linhas de esquadro (como o feito em África) mas tirado sensivelmente das diferenças étnicas das populações, seja de todo indesejável ou potencialmente explosivo, mas pelo medo de que possam, as repercussões de tal ousadia, encontrar eco noutras sensibilidades nacionalistas!
Por cá o parlamento regional da Madeira, aproveitou logo para tentar atear o fogo independentista daquela região autónoma, e também por aí se vê o porquê da apreensão de Espanha em reconhecer a independência do Kosovo, pois isso seria arremessado como arma política pelos separatistas Bascos ou catalães, como tem vindo a ser; já a Rússia, vê-se porquê todas as reticências em relação ao permanente desmoronar dos seus países satélites, réstias do seu outrora império comunista, que agora gravitam cada vez mais em torno da União Europeia.
Agora há manifestações sérvias quase todos os dias, mas quem já passou por estes territórios, sabe que já há alguns anos o Kosovo era praticamente independente, com um estatuto muito peculiar e gerido na prática pelas forças da KFOR , o que aconteceu foi apenas o reconhecimento formal do estatuto, que a bem ou a mal, pelas piores ou melhores razões, adquiriu este território dos Balcãs!

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Cheias

Hoje, mais uma vez, voltaram-se a repetir cenários dantescos de inundações e cheias na área da grande Lisboa, dos quais infelizmente resultaram vítimas mortais para além dos já habituais avultados danos materiais.
Mais uma vez, ouvi o Sr. Arq. Ribeiro Telles na televisão clamar por um ordenamento integrado do território, pela aplicação urgente dos planos de ordenamento territoriais há muito elaborados e já demasiadamente estudados, e mais uma vez, apercebi-me da futilidade de tanta indignação e de tanto esforço por parte daqueles, como eu, que lutam por um País melhor. Toda esta constante luta, reforçada por constantes resultados catastróficos que há muito adivinhávamos, continua a "cair em saco roto"! E continuará a cair, enquanto não se purgar as classes dirigentes desta Nação. Enquanto se continuar a tolerar a corrupção camarária, que gira em torno dos sobejamente conhecidos interesses imobiliários, enquanto se continuar a eleger órgãos locais notoriamente corruptos e órgãos centrais incompetentes, de nada servirá toda esta revolta daqueles que tristemente sentem, em suas casas, no seio das suas famílias, os efeitos directos de tão previsíveis tragédias!
Sr. Presidente da Câmara, desde que foi eleito, a única obra que vi sua foi: o arrastar da permanente degradação das ruas pseudo-alcatroadas e passeios mal calcetados, o nojento estado de abandono dos jardins e pracetas públicas, o cheiro imundo das escadas e cantos, as sarjetas entupidas, o entulho nas ribeiras, etc., etc..
Depois disto tudo, e das grandes obras que são aprovadas (exemplo, do condomínio inundado em Alcantra) e executadas em leitos de rios e zonas ribeirinhas, depois da inexistência ou insuficiência (e até muitas vezes má execução) de sistemas capazes de escoamento, ainda fazem destas cheias notícia???

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

A Ironia da Vida

Superior à nossa propensão para amar, só a nossa trágica queda para a desilusão. E ela é tão previsível, tão naturalmente inevitável, que só um animal sonhador pode acreditar que, desta vez, ela não terá lugar! Está na minha natureza confiar, o pior, é que está na natureza humana dos outros, trair, desiludir, magoar... E, mesmo sabendo desta fatalidade, continuo, uma vez após outra, caindo nas mesmas ilusões. Pode-se dizer então, que essa é a minha natureza - sina que me leva ingenuamente a acreditar, de cada vez que o sonho que as sensações e os pensamentos constroem se sobrepõe à triste e pálida versão da realidade, que tal como esses sonhos alados se desenham possíveis e eternos dentro de mim, também se projectam dessa forma no meu exterior.
Passo o tempo todo, lutando para não me prender, lutando para que consiga antecipadamente prever, à luz fria da minha distância, a hora certa e o momento certo para me afastar. Mas acabo, sempre, por me deixar agarrar. Agarrado à luz quente e traiçoeira da esperança, vou acreditando que consigo vencer todas as adversidades, e genuinamente dedicado a esse propósito, vou-me deixando enganar...
Sofro da ingenuidade que me é inerente, e por causa disso, levado a confiar na sinceridade do sentimento alheio, acabo por cair no abismo da desilusão. Gostava de passar de corpo a corpo, sem nunca sentir o frio da culpa que vem com a madrugada, sem nunca olhar para trás com arrependimento, sem nunca depositar a minha esperança numa qualquer alcova; aposta perdida na sua génese, traição que está por acontecer, dor que está por vir... Diminuindo o elemento de sonho no prazer, não buscando mais nada do que aquilo que o momento me traria, viveria certamente com menos percalços e desassossegos.
Mas não é assim que sou. E por muito que tente, de cada vez que fingir não me interessar, que fingir não me entregar, tentando viver como se nada pudesse penetrar na carapaça que ergo entre a minha alma e o mundo, para que tudo o que sinta, sinta por transladação, como se de um sentimento estranho se tratasse. Por muito que insista, nessa capacidade de sentir sem sentir, capacidade de um ser superior, que colhe os frutos que quer, sem o suor de os criar nem o risco que a tristeza de os perder acarreta, nunca vou conseguir mais do que a viver com a mera aparência de não ser, um ingénuo sonhador!
O que pensava nunca fazer, acabo por fazer. O que pensava que nunca me fizessem, acabam por me fazer. A mais esforçada e leal entrega é a que, por puro acaso ou amargo fado, acaba por se esfumar mais penosa e obscuramente, das mãos firmes que teimosamente a seguravam por fé na sua idealista vocação de eternidade. E essa é, a grande ironia da vida.
Mas apesar de tudo, a vida continua... E se o sonho traz desencanto, também nos dá a insana esperança, de que chegue um novo dia, que doirado de perpétua alegria faça valer a pena, cada tormento de viver com sentimento!


Fiquem com uma das melhores actuações ao vivo de sempre, adequada aos sentimentos soltos neste pequeno desabafo. É pena a qualidade nem se comparar com o DVD, mas dá para se ter uma ideia do nível destes monstros da música.





U2 - Walk on (live at boston)

Fotografia cedida por: Francisco Nobre