quinta-feira, julho 24, 2008
Bifurcação
De vez em quando a nossa vida dá uma volta de trezentos e sessenta graus, nessas alturas ou caímos no chão ou aguentamos firmes e esperamos até que o mundo pare de girar à nossa volta...
Estávamos já habituados a todo o constante balançar, e até já tínhamos conseguido assentar e de repente chega a tempestade, chega a bonança, e toda a nossa vida leva uma mudança radical.
Chegamos a uma encruzilhada, olhamos para trás e já não vemos o caminho por onde viemos... Agora tudo está escuro, cada viela parece diferente, cada estrada familiar está desfocada e irreconhecível e à nossa frente, feitas de pura fatalidade dois caminhos desconhecidos e assutadores se apresentam perante nós: sabemos que daí em diante, qual seja o caminho que escolhermos nada será igual, vidas serão deixadas para trás, bocadinhos de nós irão ficar (como migalhas desfeitas) espalhadas no chão. Sabemos isso tudo, e também sabemos que a a escolha implica uma mudança radical, um risco enorme, uma incerteza incomportável... E tudo isso pesa... Pesa demasiado! Será que estou preparado? Mas a recompensa, essa é sempre proporcional ao risco e o furacão só vem a pôr a descoberto o sonho e a persistência. E são estes pensamentos que vêm apensos com cada nova alvorada!
Alvorada
E de súbito um corpo! Alvorada sombria,
alvorada nefasta envolta nuns cabelos...
Eram negros e vivos. Quem sofria,
dentro de mim, e assim tremia
só de vê-los?
Eram negros; e vivos como chamas.
Brilhavam, azulados, sob a chuva.
Brilhavam, azulados, como escamas
de sereia sombria, sob a chuva...
Veio cedo de mais a trovoada:
o vento me lembrou
de quem eu sou.
-Alvorada suspensa!, contemplada
por alguém que chegou a uma sacada
e á beira da varanda vacilou
David Mourão-Ferreira
terça-feira, julho 15, 2008
Warwick Avenue
Adoroo, nem tanto a letra mas mais o ritmo, ideal para um fim de tarde à saída da praia;)
sexta-feira, julho 04, 2008
"Simplex" vs, Notários
Agora os notários andam em polvorosa com o "simplex", com o "simplex" que é uma denominação demasiado sonante para algumas simplificações de embalagem que deixam por reformar questões de fundo, se bem que, verdade seja dita, nos últimos anos muito foi feito para poupar tempo precioso desperdiçado em burocracias e mesquinhices estatais!
Não quero dar razão aos notários, que muito dinheiro cobram, e cobraram ao longo dos anos por fazerem muito pouco em prol dos portugueses (valendo-se da sua exclusividade na "venda" sua pública), nem quero dar razão ao estado que não se pode vangloriar do que já fez, quando foi durante muito tempo indigente, fez pouco, e deixou muito por fazer....
Vou contar-vos um pequeno episódio, que mostra o paradoxo desta desavença entre estes burocratas que vivem da burocracia (notários) e as quase-reformas do governo (simplex):
Preciso de uma fotocópia autenticada (notem bem, fotocópia do original) de um certificado de um curso de língua inglesa, escrito nessa língua e passado por uma Universidade britânica, ara entregar na Universidade. Quando peço isto a uma Sra, ao fim de vinte minutos volta ela, parecendo muito atarefada e cansada e diz-me: O Sr. não pode tirar uma fotocópia autenticada disto! Tem que me trazer uma tradução oficial primeiro... Ah! E custa 17 euros a fotocópia... Seguinte! Ora bem, nem tal coisa faz sentido, visto que quero uma fotocópia autenticada é do original, não da tradução, nem se vê porque tal tradução seja requisito necessário da primeira!
Afinal o "simplex" não é bem "simplex"!!!
Não quero dar razão aos notários, que muito dinheiro cobram, e cobraram ao longo dos anos por fazerem muito pouco em prol dos portugueses (valendo-se da sua exclusividade na "venda" sua pública), nem quero dar razão ao estado que não se pode vangloriar do que já fez, quando foi durante muito tempo indigente, fez pouco, e deixou muito por fazer....
Vou contar-vos um pequeno episódio, que mostra o paradoxo desta desavença entre estes burocratas que vivem da burocracia (notários) e as quase-reformas do governo (simplex):
Preciso de uma fotocópia autenticada (notem bem, fotocópia do original) de um certificado de um curso de língua inglesa, escrito nessa língua e passado por uma Universidade britânica, ara entregar na Universidade. Quando peço isto a uma Sra, ao fim de vinte minutos volta ela, parecendo muito atarefada e cansada e diz-me: O Sr. não pode tirar uma fotocópia autenticada disto! Tem que me trazer uma tradução oficial primeiro... Ah! E custa 17 euros a fotocópia... Seguinte! Ora bem, nem tal coisa faz sentido, visto que quero uma fotocópia autenticada é do original, não da tradução, nem se vê porque tal tradução seja requisito necessário da primeira!
Afinal o "simplex" não é bem "simplex"!!!
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