quinta-feira, junho 21, 2007

Monstro Ribeirinho

Sem entrar ainda no tema quente desta altura- As eleições antecipadas para a Câmara Municipal de Lisboa, quer falar-vos sobre um assunto, que pelo que me parece tem passado, estranhamente, despercebido à maioria dos habitantes alfacinhas.
Não sei seu os meus caros já repararam, nuns recentes estaleiros de obras erigidos na margem do rio Tejo, nomeadamente um deles bem perto do Cais-do-Sodré!? Caso não se tenham ainda dado conta, estão a erigir umas boas toneladas de betão, que ao olho desprevenido poderiam parecer as eternas obras do metro ribeirinho, ou outro projecto público infindável que de vez em quando começam naquela zona e no resto da cidade. Que obra é essa??? Não é nada mais nada menos, que um empreendimento hoteleiro com uns vários e bons andares de altura, ali mesmo junto ao rio, numa palavra, um monstro ribeirinho! Muito boa gente, deve estar neste preciso momento a perguntar: Mas quem é que deixou construir tal coisa, naquele local carismático da nossa capital???
A resposta é- Ninguém! E sabem porquê? Porque, incompreensivelmente, e sabe-se lá por que interesses a zona ribeirinha, tanto de um lado como do outro do rio Tejo, pertencem exclusivamente à Capitania do porto de Lisboa. Uma verdadeira quantia faraónica de valores imobiliários na cidade de Lisboa, pertencente a este organismo estadual, é gerido de acordo com interesses e caprichos insondáveis e incontroláveis dos seus administradores. Umas vezes para as deixarem ao abandono, outras vezes para receberem somas exorbitantes pelo aluguer dos seus espaços (os inúmeros bares, esplanadas e restaurantes que prosperam nessa zona), outras vezes ainda para construírem tais monstros...
Gostava de ver sinceramente, este assunto que para mim é deveras preocupante, e que poderá trazer consequências futuras muito denegridoras para a imagem desta cidade, abordado pelos candidatos, senão que alguém atente nesta situação e lute por a mudar. É no mínimo caricato, que na actualidade um espaço nobre como esse esteja dependente de uma capitania, com pouca ou nenhuma aptidão para o planeamento urbanístico, quando temos uma Câmara que se arroga de chamar a si essas funções. Mais, é inadmissível que tais terrenos, devido à especialidade do direito de propriedade que sobre eles incide, estejam à margem do P.D.M., permitindo à Capitania do Porto de Lisboa, a seu belo prazer, se quiser, construir autênticos arranha-céus que tapem a vista do rio, aos restantes proprietários discriminados e impotentes perante a nossa lei e autarquia para se imporem!
Será este o futuro da zona ribeirinha?!

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