quinta-feira, julho 19, 2007

Rescaldo das Intercalares

Depois de analisar os resultados, reparei, como qualquer outra pessoa na percentagem brutal de abstenção, já não muito longe dos 70%. Isto é inaceitável! E não concordo com os mais variados comentadores político, incluindo Nuno Rogeiro, que vieram dizer que a culpa destes números não é do povo que se absteu de votar, mas dos candidatos que não souberam motivar os eleitores.
Concordo que a vida partidária é pouco ou nada estimulante, concordo na análise que vê nos partidos simples centros de influências com constantes lutas por melhores poleiros, com a repulsa pelo político, déspota mentiroso que não cumpre, e que independentemente das suas ideias deixa sempre tudo pior, igual ou pouco melhor do que o que encontrou quando chegou, com isto e com a triste visão da democracia portuguesa como uma coisa decadente, cheia de instituições supérfluas, minada de lobbys e cargos excedentários vantajosos, para as duas cores, cor-de-laranja e cor-de-rosa.
Mas já não posso aceitar, que muito mais de metade dos Lisboetas deixem de exercer o seu direito e o seu dever! Desta vez não houve a desculpa da praia, quanto muito alguns estavam em férias mas a minoria certamente, nada que fizesse prever esta franquíssima afluência às urnas.
Se os portugueses realmente estão descontentes com o governo, como as manifestações sucessivas dão a entendr, se não se identificam com a oposição mole da direita, votem contra o sistema. Votem contra o estado de coisas actuais! Votem em branco! Votem em partidos pequenos anti-sistema (como eu fiz, quando votei num partido que aumentou em 50% a votação nestas eleições em Lisboa), mas não deixem de ir votar. Porque ao não ir votar, delegam nas mesmas pessoas que mantêm eternamente esta situação, causa da nossa queda de nos colarem ao fundo deste lodo, a oportunidade de deixar estudo como está. Anseiam por democracia directa, por mais poder popular, por mais proximidade e influência na tomada de decisões, mas deixam tudo como está! Assistem, bem sentados no seu sofá, ao desfile de caras sempre iguais em vitórias/derrotas, na sua senda pelos púlpitos e "massas de apoio" (alguns velhos que foram para ali transportados, e pensam que vieram a Lisboa ver o Oceanário , ali também há bacalhau e tubarões, mas parece-me que foram ao engano).
A votação há muito, como nos países desenvolvidos nórdicos, como aliás já propus, que deveria ser obrigatória. Não é só um direito arduamente conquistado é um DEVER de todo e qualquer cidadão recenseado, e portanto o seu incumprimento deveria gerar consequências negativas para o abstencionista - aí sim, serviriam bem ao fim as malditas coimas.
Todos criticam, mas ninguém faz nada, nem aposta em alternativas, por motivos egoístico ou por diabólico conformismo... Novos velhos do Restelo!
Cada povo tem o país que merece!!!
Quanto à crise na direita, ou como eu gosto de chamar pseudo-direita da esquerda portuguesa, vou ficar à espera, para me pronunciar, durante as férias, de novos desenvolvimentos na nova telenovela nacional.

quinta-feira, julho 12, 2007

Não quis democracia? Então, faz favor de votar!



Já muito antes do governo da Câmara Municipal cair, após a demissão de quase todos os vereadores do executivo camarário, já aqui neste blog perguntava-mos a vossas excelências se Carmona Rodrigues teria ou não condições para continuar à frente da Câmara Municipal, dado todo o clima de suspeição que sobre si recaiu ao ser considerado arguido na virtude da dedução, pelo Ministério público, de uma queixa contra si. Já nessa altura, era demais óbvio que Carmona Rodrigues não tinha condições para chefiar a maior câmara do país, nem aliás, jamais as teria tido!
Não duvido, ao contrário de muitos que insinuam e lançam suspeitas, da seriedade de um dos homens, do qual nunca me "chegaram aos ouvidos" nem murmúrios, nem sombras, que manchassem a sua honestidade; mas também sei, como muitos sabem, que Carmona não é um bom político, não é na verdadeira acepção da palavra um homem de estado, um homem que imponha autoridade e obediência, que seja determinado e seguro, que se saiba rodear e que acima de tudo não descanse enquanto não levar as suas ideias e projectos avante. Carmona não é isto! Carmona, é tudo menos isto. E consequentemente, por muito respeito que lhe tenha, não acho que seja (como aliás desde Abecassis nunca foram) o homem certo para presidir aos destinos da Capital. O lodaçal onde a Câmara se enfiou, é demasiado fundo, demasiado fundo para que se pudesse continuar com Carmona, demasiado fundo para até , quem sabe, sair dele.
Deixando de lado o já muito debatido "buraco" financeiro, as demais notórias dívidas de curto prazo a fornecedores, e as divulgadas desorganizações nos serviços da câmara... Gostava de falar-vos sim, do que simbolizou para mim esta governação do Eng.º Carmona Rodrigues.
Simbolizou, buracos nas estradas e lixo nos passeios nas zonas mais nobres e ricas da cidade, simbolizou pedras da calçada levantadas e espalhadas, furos nos pneus e suspensões estragadas, simbolizou estranhas obras paradas e inteiras fachadas eternamente entaipadas, prédios a cair e licenças por atribuir... Já me cheguei quase a ouvir dizer- que em Lisboa custa demasiado viver, e que dela, só quero fugir! E por estas pequenas, mas importantíssimas coisas não o perdoo.
Porque enquanto estas situações se arrastavam, enquanto a situação do arrendamento urbano na cidade permanecia igual, enquanto as obras no Terreiro do paço continuavam na mesma, almejando uma mirífica linha de metro talvez impossível, mas certamente perigosa de se construir, enquanto se deixava o Porto de Lisboa fazer o que quis e bem entendeu, enquanto as Associações de solidariedade social ficavam sem fundos para ajudar os que mais precisam, andava o Sr. a inaugurar túneis que não resolvem o problema desta gente todas, que nos invade a cidade com os seus carros e entope todas as suas ruas piorando drasticamente a nossa qualidade de vida, andava o Sr. a passear com um projecto milionariamente pago de um qualquer Guery nas mãos, andava a sua polícia municipal num frenesim de multas e bloqueamentos sem sentido, andava uma sua vereadora a instalara radares idiotas nas principais artérias, cujo único efeito prático que têm, não reside na sua capacidade para evitar desastres mas sim na sua irritante vocação para enervar ainda mais quem tem de circular na cidade (demasiado farto com a quantidade sempre crescente de carros que aqui circulam e não deviam circular) e criar mais lentidão e demora. Destas obras, para mim, foi feito o seu mandato. Com estas obras será lembrado, mas creio que as suas quedas se sobreporão ao vazio reformativo, que foram estes últimos anos na memória, daqueles que não se esquecem!

Venham daí, mais umas eleições! Domingo, não se esqueça, vá Votar! Pode não votar em ninguém, até porque talvez nenhum o mereça, mas Vote!

sexta-feira, julho 06, 2007

Seven

Sete é um número com vários e diversificados simbolismos.
Sete são as cores do arco-íris.
Sete são as artes.
Sete são as notas musicais.
Sete são os dias da semana.
Sete pragas.
Sete planetas do sistema solar.
Sete são as maravilhas do Mundo que nos preparamos para eleger amanhã.
Sete são os pecados mortais. Avareza, gula, inveja, ira, luxúria, orgulho e preguiça.
A eles se contrapõem sete virtudes. Generosidade, temperança, caridade, paciência, castidade, humildade e diligência.
As incidências deste número são tantas e em tantas áreas que seria mais rápido consultar http://pt.wikipedia.org/wiki/Ocorrências_do_Número_Sete e ainda a proposito das sete maravilhas http://www.7maravilhas.sapo.pt/apre2.html.
Mas no que eu me quero centrar é nos sete pecados capitais e numa reflexão que achei bastante interessante feita no filme Seven sobre eles. No referido filme, que é aliás bastante bom, dois detectives procuram um assassíno que escolhe as suas vitímas pelos seus pecados. Quando apanhado o assassino confessa que estava apenas a tornar o mundo melhor, um mundo em que os pecados eram tão comuns que ja ninguém os nota.
Nisso concordo com ele, que Mundo é o nosso em que matar e roubar é tão comum? É uma arte com profissionais e técnicas, que pode ser o destino de qualquer inocente? E como podemos proteger aqueles que amamos? Como esconde-los da pedofilia, da prostituição, do trafego de pessoas, da violação?
O nosso mundo tem tanta coisas fantásticas para mostrar mas também parece ter cada vez mais para esconder..

quarta-feira, julho 04, 2007

As 7 Maravilhas


Fui convidado para o grande espectáculo, onde serão anunciadas as 7 maravilhas de Portugal e do mundo, este Sábado próximo. Ainda estão a tempo de votar e de participar, mais informações em http://www.7maravilhas.sapo.pt . Pessoalmente, considero que todos os monumentos nomeados são já vencedores! E muitos outros ficaram de fora, o que só mostra como Portugal tem tanto para dar e mostra ao mundo, todo um potencial, que tem sido constantemente sub-aproveitado e desconsiderado por sucessivos governos e em sucessivos séculos da nossa história. Até porque é no turismo, e toda a gente que tenha um mínimo de perspicácia e sinceridade sabe isto, está o nosso futuro em termos de potencialidade de desenvolvimento económico...
Oxalá, não seja mais um interesse passageiro no nosso imenso património cultural e arquitectónico, que se esfuma rapidamente assim que é atingido determinado objectivo ou compromisso internacional. A decadência de tantos locais nobres da nossa História, é a mais pura das realidades para quem tem a coragem de a ver, a coragem de, por assim os encontrar, chorar e sofrer!
Como disse um dia, e ainda com triste actualidade, um dos Grandes da nossa Nação e do império da língua portuguesa:


"Mas esta Nínive não foi destruída; esta Pompeia não foi submergida por nenhuma catástrofe grandiosa. O povo, de cuja história ela é o livro, ainda existe; mas esse povo caiu em infância; deram-lhe o livro para brincar; rasgou-o, mutilou-o, arrancou-lhe folha a folha, e fez papagaios e bonecas, fez carapuços com elas.
Não se descreve por outro modo o que esta gente, chamada governo, chamada administração, está fazendo e deixando fazer há mais de um século em Santarém. (...)
Malditas sejam as mãos que te profanaram, Santarém; que te desonraram, Portugal; que te envileceram e degradaram, nação que tudo perdeste, até os padrões da tua História..."


Almeida Garrett in Viagens na Minha Terra