Em Portugal muita coisa se tem feito em nome da saúde pública. Agora é por causa dos malefícios da exposição passiva, ao fumo do tabaco. E por causa disso, já os paladinos da saúde pública e os arautos das directivas europeias anti-tabágicas fizeram soar as suas trombetas. E assim, começa a quarta cruzada. Mas desta vez os mouros são todos aqueles que gostam de puxar de um cigarrinho, o cancro negro da sociedade. Todos aqueles que têm de ser castigados e purificados, assim que sobre eles se abater a fúria dos puritanos.
O governo prepara-se para apresentar na Assembleia da Republica, um decreto-lei no qual vai estar prevista a proibição de se fumar nos aeroportos, estações, hotéis, bares, discotecas, restaurantes, e outros locais de acesso público ou de lazer, a não ser que os mesmos possuam uma área superior a 100 m2 e criem uma zona para fumadores à parte.
Duas perguntas apenas tenho, para estes iluminados: Acham credível que no país real, no país fora de Lisboa, e até em muitos estabelecimentos dentro de Lisboa, seja possível reunir as condições mínimas para a criação de uma zona de fumo? Acham normal que no pequeno café de aldeia, o único num raio de quilómetros para aquela população, se possa obrigar as pessoas a fumarem lá fora, como se degeneradas se tratassem??? Quem é que vai suportar este país, quando as receitas de tabaco diminuírem?
Este país está mergulhado na hipocrisia! Quem o sustenta são os fumadores e os condutores, é o imposto sobre o tabaco e os variadíssimos impostos sobre quem possui e usa um veículo. E contúdo, o governo continua a atacar e a diminuir a capacidade económica destes dois grupos legítimos de cidadãos, uns com razões ambientais outros pela saúde pública. Querem-se acabar com os fumadores? Quer-se acabar com este grupo significativo de pessoas, ou atirá-los para uma espécie de degredo social? Então chega de hipocrisia. Ou se proíbe a venda de tabaco (qual sociedade puritana como aconteceu nos E.U.A. com a Lei Seca, o que só aumentaria exponencialmente o tráfico paralelo) ou se acaba com o imposto sobre o tabaco. Agora perseguir os consumidores de uma substância legal, consumidores esses que pagam enormes impostos para poderem consumi-la livremente isso, meus amigos, isso é simples hipocrisia.
Um bom exemplo, um dos únicos que deveríamos importar do estrangeiro, é o exemplo espanhol. Aqui ao lado, cada dono do estabelecimento tem a faculdade de escolher se se fuma ou não no seu espaço. E ao contrário do que os cínicos opositores deste sistema argumentam, não existe escassez de estabelecimentos com proibição de puxar um cigarrinho, antes pelo contrário (e estive recentemente lá), é mais ou menos igual a percentagem de estabelecimentos para fumadores ou não fumadores. Argumentam que isto representa uma cedência aos interesses económicos, mas que legitimidade tem o Estado para impor um pesado sacrifício aos donos privados de um negócio que os sustenta na vida???
Concordo com a proibição de fumar em lugares de trabalho, pois nesses lugares todos somos obrigados a permanecer por um largo período de tempo. Agora num café, só entra quem quer, numa discoteca só está quem quer, etc. Querem alhear-nos da sociedade, marginalizando o nosso prazer? Adoptem a solução espanhola. É a melhor entre as piores, mas ao menos permite-nos estar com outros párias como nós.
Não compete ao estado, obrigar os cidadãos a abster-se de exercer uma liberdade, mesmo que essa liberdade seja potencialmente prejudicial. Qual polícia moral. Como se fumar se tivesse tornado num crime, ou num pecado… Não existem provas científicas, que associem a exposição passiva por parcos períodos de tempo, ao desenvolvimento de qualquer doença relacionada com o tabaco! Mais uma prova em como não vivemos num esclarecido Estado de Direito – As liberdades individuais, que deveriam sempre prevalecer, são constantemente sufocadas, em prol de um esguio e qualquer colectivo boçal, facilmente deturpado e influenciável. Primeiro atacam o direito à vida, segue-se o direito à liberdade…
2 comentários:
o portas ganhou com quase 75% dos votos! porque é que tamos a falar do governo do socrates?
Eu como não fumadora não gosto de levar com o fumo de outras pessoas mas concordo que as exigencias em termos de áreas são bastante ridiculas.. Tal como o colega acho que o sistema espanhol seria de adoptar ou então criar sim, zonas distintas mas sem limites de área onde tal fosse possível..
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