Na celebração da missa, neste fim de semana, ouvi uma homília que focou num ponto essêncial da nossa sociedade, sem o qual a sociedade dos homens, nunca vai conseguir atingir verdadeiramente, um patamar superior de evolução. A questão da dávida. Da oferta aos outros. do dom que cada um de nós, partilha com o seu semelhante. O padre, falando de um estudo de um sociólogo, disse e com razão, que o papel da dádiva na nossa sociedade, e ainda para mais, nesta sociedade materialista e individualista dos tempos modernos, não é o de uma verdadeira partilha com um irmão, mas sim um meio para atingir outros fins; ou seja uma forma de atingir outros objectivos, ainda que subjacentes ou mesmo inconscientemente prosseguidos, através da acção de dar. Objectivos tais como: melhorar a posição ou uma relação social, conseguir uma determinada actitude de outrém, ou até relegar a alguém aquilo que já não nos faz falta, ou que temos em excesso, entre outras razões.
As razões pelas quais damos, e até muitas vezes o que damos aos outros, aquilo de que estamos dispostos a abdicar, não é a coisa certa, ou não é doado na justa medida. Fazendo portanto das nossas dádivas, das nossas contribuições para melhorarmos algo, quase supérfulas ou indiferentes...Nesta sociedade egoista, feita de narcisos, exibicionistas e invesojos, cada vez é mais patente este desinteresse pelas necessidades alheias, e cada vez é mais raro, o genuíno sacrifício de bens pessoais, pelo bem estar do nosso semelhante. Seja ele ou estranho, ou uma pessoa querida na nossa vida. É essa a base podre, de todos os problemas que afligem o nosso mundo complexo, da fragilidade do casamento, à marginalização dos desfavorecidos...
O padre contou uma história engraçada, na qual todos devemos reflectir, para conseguirmos descortinar na entrega, a sua verdadeira natureza e fim. A história era a seguinte: Um senhor muito rico, pensou um dia na miséria e penúria em que viviam uns monges que conhecia. Pensou, e comovendo-se com a situação, decidiu carregar varios burros com muitos e variados bens, que pensou que fariam falta aos monges. Ao chegar à porta do mosteiro, veio ter consigo um lacaio do abade, que lhe disse que o abade não podia falar com ele. O senhor, já um bocado irritado disse ao lacaio, para chamar o abade, pois eram ofertas demasiado importantes, para que o abade não se digna-se a vir recebê-las à porta. Passado um bocado, o abade lá veio, recebeu as ofertas e fechou a porta, mesmo na cara do senhor. Este, indignado, pensou se pegava fogo ao mosteiro ou se ia embora... Decidiu antes bater de novo à porta, e exigir a devolução dos bens que tinha doado. Mas quando o abade veio abrir a porta, disse simplesmente: "-Que queres irmão???Não sabes que quem dá, é que agradece!?"
segunda-feira, novembro 13, 2006
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2 comentários:
Salvador vim aqui dar porque sem querer tinha o messenger ligado e vi o nome do blog. Como sei que escreves bem vim dar uma vista de olhos e gostei do que vi. Especialmente esta ultima entrada porque me fez ir ao fundo de uma questao de que todos abdicamos todos os dias. A dádiva. Muito bem escrito, os meus parabens. Um beijinho, ana ribeiro.
Este post não foi feito pelo Salvador mas obrigado na mesma
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