sábado, outubro 06, 2007

Amor, sono e drogas, cada um tem a sua desilusão!

Trago-vos hoje, mais um trecho do melhor livro de todos os tempos, e que reflecte o misto de desilusão e tristeza, por tudo aquilo que a vida nos dá para nos tirar mais tarde, prazeres, que por humanos e nossos, estão destinados a desaparecerem ou a se corromperem; fatalidades, que em certos momentos açambarca as nossas vidas e nos resignam, tanto a acção, como o pensamento...
Fotografia tirada, a um graffiti urbano, por: Piedade Castro e Sousa




"A arte livra-nos ilusoriamente da sordidez de sermos. Enquanto sentimos os males e as injúrias de Hamlet, príncipe da Dinamarca, não sentimos os nossos - vis porque são nossos e vis porque são vis.
O amor, o sono, as drogas e intoxicantes, são formas elementares da arte, ou, antes, de produzir o mesmo efeito que ela. Mas amor, sono e drogas tem cada um a sua desilusão. O amor farta ou desilude. Do sono desperta-se, e, quando se dormiu, não se viveu. As drogas pagam-se com a ruína de aquele mesmo físico que serviram de estimular. Mas na arte não há desilusão porque a ilusão foi admitida desde o princípio. da arte não há despertar, porque nela não dormimos, embora sonhássemos. Na arte não há tributo ou multa que paguemos por ter gozado dela.
O prazer que ela nos oferece, como em certo modo não é nosso, não temos nós que pagá-lo ou que arrepender-nos dele.
Por arte entende-se tudo que nos delicia sem que seja nosso - o rasto da passagem, o sorriso dado a outrem, o poente, o poema, o universo objectivo.
Possuir é perder. Sentir sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência."

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