
As minhas críticas principais a este "fados", são três: a monotonia que se sente, dado o pouco movimento que consegue imprimir nas cenas, situação essa que poderia facilmente ser evitada se escolhesse cenários exteriores não estáticos(por exemplo as vistas, ruas e vielas das cidades da tradição -Lisboa, Porto e Coimbra) ou se introduzisse entre as músicas uma voz de narrador que desse a conhecer a história do fado ou introduzi-se as os fados que se iam cantar. A escolha de introduzir demasiadas cenas com música que já não é fado, com música de influência étnica das colónias e do Brasil, música que não passa de filha bastarda do fado e cai no encadeamento lógico do filme (que julguei que fosse quase cronológico)

Resumindo, depois de quem veio comigo ter adormecido no meu ombro, depois de ter realizado que o filme nada acrescenta a quem sabe o mínimo sobre o percurso sinuoso do fado e conhece os seus protagonistas, sendo deveras imperceptível para quem nem isso sabe, tenho de concluir que não vale de todo a pena o dinheiro que se paga para ver esse emaranhado confuso de cenas. Falta-lhe indubitavelmente, aquele sentimento castiço e popular, aquele sentimento profundo e que vem de dentro, sentimento que só pode ser transmitido por quem o tem. O que não é certamente o caso de um espanhol... A escolha da altura das carreiras de Amália Rodrigues e de Alfredo Marceneiro, também não foi feliz, nem sequer demonstrativa da incrível arte destes ícones do Fado. Nem as maravilhosas participações de Camané, Carlos do Carmo e Mariza (quando se deixa daquelas coisas cabo-verdianas) , ou a cena final, esta fantástica, da casa de fados e a bem conseguida mistura do Fado e do Flamenco, conseguem salvar o filme na sua globalidade!
2 comentários:
ja andava desconfiado das supostas raízes africanas e brasileiras do fado. Agora perdi o interesse em ir ver o filme.
Acredita que ninguém, mais do que eu estava entusiasmado com a possibilidade de ver um filme recente sobre o fado...mas enfim... A modernice não é sinónimo de qualidade .
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