terça-feira, outubro 02, 2007

As três pragas modernas

Vou falar-vos de três coisas que me irritam profundamente actualmente no povo português, depois da melhoria substancial da qualidade de vida que houve nas últimas décadas.
Com efeito, o dinheiro não trouxe só coisas boas, pois estas três "pedras no sapato" são deveras chatas e fazem-me desejar voltar ao antigamente.
A primeira é o uso generalizado do automóvel particular, ora que não é que existe em Portugal um carro para cada dois habitantes?! Mantendo à parte os habituais (e talvez legítimos) dizeres, como o "ainda dizem que estamos em crise!!!", este hábito de cada família ter dois, três e quatro carros, é prejudicial para a minha sanidade mental. Vai-se a um concerto ou a um jogo de futebol, e chega-se a gastar mais de uma hora e meia para conseguir sair de um simples parque, vai-se para casa e perde-se mais de 30 minutos para fazer um Eixo Norte/Sul atulhado de gentes que habitam lá para os lados de Queijas ou de Cascais, ou mesmo no deserto da margem sul! Antigamente ter carro era um luxo, e antes tivesse continuado assim, pois as viagens eram deveras mais agradáveis e não tínhamos tantos azelhas nas nossas estradas, que por exemplo fazem a A1 inteira, pela faixa de rodagem mais à esquerda a uns meros 100 km/h! Ainda me lembro de ser possível e comum, por exemplo, parar num cruzamento para dar a prioridade a uma senhora... Já nem à praia se pode ir, pois o povo trocou os piqueniques no pinhal por um guarda sol e uma cadeira à beira-mar (alguns estúpidos espalharam por aí, que a praia fazia bem. Outros parvos!)
A segunda é o uso generalizado do telemóvel, e mais do que isso a compra desenfreada e constante dos novos modelos. Pois, já nem só o carro é um objecto de vaidade para os portugueses, o objecto do telemóvel também o passou a ser. E agora, agora não há um sítio onde se esteja em que não se oiça um toque irritante e piroso ( e até durante a celebração da santa missa), ou não se tenha possibilidade de escutar, possibilidade como quem diz , porque a maior parte desta gente só lhes faltava o megafone para se fazerem ouvir melhor, uma conversa "particular"! Dentro dos autocarros, nos supermercados, no trânsito, nas reuniões, nos cafés, em todo o lado... Uma praga! E até o chegam a usar como máquina fotográfica, tirando constantemente fotografias, mesmo por exemplo a meio de um concerto, a isto e àquilo, a coisas ridículas, em poses idiotas... um descalabro, que me faz pensar: Bem-ditos os tempos, em que fotografias, só de máquina de rolo; o preço da revelação fazia então pensar duas vezes, antes de se tirar uma fotografia completamente imperceptível de uma banda a tocar ao fundo ou de um qualquer acidente de viação!
A terceira é, nem mais nem menos que, a opção por uma habitação própria por parte da generalidade da população. O que em primeira análise, parecia uma coisa boa, tornou-se num verdadeiro pesadelo para Portugal. Também por culpa da pior lei de sempre - a lei do arrendamento, as cidades propriamente ditas foram-se desertificando, e à sua volta, cresceram outros aglomerados que nem são dignos da categoria de cidade, montes de cimento e placa, horríveis e deformados, que mais não fizeram do que destruir quase todas as belas paisagens do nosso litoral! E assim, além de se arruinar as vias de tráfego que saem e entram das cidades e toda e qualquer réstia de paisagem, cresceram Almada, Amadora, Quarteira, Gaia, etc. etc...
Ainda acham que houve, efectivamente, uma melhoria na nossa qualidade de vida???

2 comentários:

Anónimo disse...

mudam-se os tempos...

Anónimo disse...

QUEREMOSSS A MARIANA!