segunda-feira, dezembro 18, 2006

45 anos desde a ocupação dos territórios de Goa, Damão e Diu



Na data em que faz 45 anos, desde a invasão ilícita e odiosa perpetrada pela União Indiana escrevo este post. Não pretendo invocar o vosso saudosismo, dos tempos em que Portugal era de facto grande, por muito legítimo que isso seja. Pretendo apenas e só, que de uma vez por todas a verdade seja reposta e o povo português tome conhecimento da verdadeira realidade dos factos. Durante décadas, têm feito uma lavagem cerebral há opinião pública, todos aqueles que invocando “nobres ideais” esgrimem os argumentos da liberdade e da auto-determinação dos povos, tentando que nos esqueçamos de todas esta tragédia, apenas para camuflarem os verdadeiros motivos por detrás da desonra da descolonização; meramente para esconderem a triste realidade dos factos praticados depois do 25 de Abril, a verdadeira história da rede de interesses e actividades ilícitas que estiveram por detrás da compra da independência feita pelas milícias terroristas africanas a alguns corruptos dirigentes revolucionários e pós-revolucionários (do que afirmo, tenho provas testemunhais que envolvem não só Almeida Santos como Mário Soares esses traidores da pátria, que não mereciam senão estarem presos e bem presos). Mas onde a história começou foi em Goa, Damão e Diu, bocados de Portugal encravados na Índia recém independente do Império Britânico, ainda durante o Estado Novo. No dia 18 de Dezembro de 1961, tropas da União Indiana ao comando do governante o Sr. Pandit Jawarlal Nehru, que se dizia discípulo de Ghandi e “supostamente” um pacifista, entram em confrontos com as forças indo-portuguesas estacionadas nos territórios. Estas apesar dos valorosos esforços, devido à sua esmagadora inferioridade numérica, ao seu reduzido arsenal e escassez de meios e mantimentos rendem-se no dia seguinte no decorrer da tarde. Salazar há-de ficar conhecido pelo notório telegrama que enviou ao governador, incitando à resistência histórica, pois para os territórios fundados pelo valoroso Vice-Rei Afonso de Albuquerque só estava reservado um destino – A pertença ao Mundo Português. Implicasse isso, uma vitória memorável ou uma derrota corajosa. A verdade foi que era totalmente impossível à metrópole enviar reforços em tão reduzido tempo, não dispúnhamos dos meios nem dos recursos para nos envolvermos numa luta de resistência, por muito digna e legítima que ela fosse.
Temos de ter em conta o contexto da época, ou seja o começo da apelidada Guerra-fria entre as duas super potências dos E.U.A. e da U.R.S.S., em que cada uma lutava pela supremacia do mundo e pela disseminação da sua ideologia (liberalista por um lado, comunista pelo outro). Não vou agora falar do hipócrita papel que tiveram nas guerras de guerrilha nas províncias ultra-marinas (fica para outro post), mas a verdade é que cada uma apoiava com armas, logística e fundos, lunáticos revolucionários que pretendiam a separação dramática desses territórios das antigas potências do “velho continente”. Tendo em vista a criação de governos fantoches, regimes satélites que fossem ou pró-ocidentais ou pró-comunistas. Ignorando o verdadeiro direito à auto-determinação, passando por cima da própria vontade popular, exercendo pressão e medo, assim como campanhas de propaganda falaciosa sobre as populações, enganando tudo e todos sob falsos pretextos e falsas intenções. A situação Africana e Asiática actual, é da directa responsabilidade do Kremlin e da Casa Branca, e um dia por isso irão ser julgados. As coisas horrendas e o mal que fizeram, e cuja possibilidade de acontecer provocaram (guerras civis, fome, corrupção, sub-desenvolvimento, exploração, etc….) com as suas disputas de poder (um, de direito próprio, chamado neo-colonialismo) irão um dia ser contabilizadas na sua responsabilização, ou assim o espero…
Ainda assim, Portugal pediu a intervenção das Nações Unidas. Estes territórios eram de facto, territórios legitimamente administrados por Portugal, de acordo com a Resolução 1542 (XV) desta mesma instituição internacional. Apesar disso a União Indiana, ignorando e desprezando publicamente as Resoluções da Assembleia-Geral das Nações Unidas 1414 (XV), 1541 (XV) e 1542 (XV), lança uma vasta ofensiva militar contra os territórios soberanamente governados por Portugal. Um grande Sr., o Professor Quincy Wright, afirmou nessa altura que a então paralisia dos Estados membros, o seu implícito apoio a esta acção violenta através, da abstenção de agir concretamente ou tomar medidas mais severas que uma mera resolução de advertência do Conselho de Segurança, foi o fim da O.N.U.. A partir desse momento, quando a União indiana agiu desrespeitando a vontade da Assembleia-Geral, todas as regras de direito internacional, e a própria Carta das Nações Unidas, não sendo por isso penalizada e a sua conduta corrigida, a O.N.U. perdeu a sua dignidade e poder. Para passar a ser apenas, aquele marasmo de hipocrisia e aparências que é hoje em dia. A partir desse momento, deu-se o falhanço total e completo de mais uma tentativa, de mais uma organização, para a defesa da Paz entre os Estados do mundo.
Não falo como colonizador. Falo, como irmão dos nossos concidadãos desses territórios injustamente ocupados! Não me julgo superior, nem me julgo no direito de por eles pensar. Mas por acaso a sua opinião foi tida em conta, aquando da independência? Será que a queriam? Será que queriam a auto-determinação? Ou mesmo, a autonomia? A sua subjugação à União Indiana foi, isso sim, feita por interesse. E desde então, o Estado central tem criminosamente levado a cabo uma encoberta batalha de destruição da identidade própria dos povos destes territórios, tentando destruir as suas influências, as suas tradições, as suas heranças e legados histórico-culturais. Recomendo a visita a estes sítios, para que possam constatar a indignar de muitos indo-portugueses com a anexação pela União Indiana destes territórios: http://www.geocities.com/prakashjm45/goa/?200619 e http://www.goancauses.com/. Não foi visível o seu sentimento na altura do europeu de futebol? Como dizia, talvez um dos maiores portugueses de sempre “A minha pátria é a língua portuguesa”. São portugueses de alma e isso, ninguém pode apagar.
É tempo de acabarmos com esta vergonha. De pararmos de ignorar. De reunirmos esta grande pátria! As injustiças têm de ser combatidas e os responsáveis responsabilizados. As nossas heranças, o nosso passado e património nunca serão esquecidos, por muito que tentem. E um dia, o futuro, a história e os portugueses providenciarão para que se faça justiça!

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