sexta-feira, dezembro 15, 2006

Visão "modernaça" da convicção cristã


O Santo Padre Bento XVI, disse um dia que na sociedade superfecial e materialista que temos hoje a religião é vista como um fardo, quando deveria isso sim, ser vista como uma fonte de aleria e tranquilidade para os homens. A cada dia que passa, essas palavras representam melhor a triste realidade do nosso mundo. Este mundo ateu induzido nas nossas mentes ao longo de décadas de propaganda anti-religiosa, crença desmensurada nas maravilhas da ciência e por um violento laicicismo forçado de toda a vida pública, não gera em mim só por si uma indignação tal que eu precise forçosamente de o críticar. A religião sempre foi e sempre será, uma escolha pessoal. As escolhas que fizémos no passado, e o afastamento da Igreja (de que a perda de influência no protocolo de Estado, decretada pelo Sr. Sócrates, é um exemplo) de quase toda a vida pública foi um erro, e como tal deveria ser remediado; quanto à crença na plenitude da ciência, na capacidade de com a ciência se explicar todas as coisas do Universo, do príncipio ao fim dos tempos, dos micro-organismos à perfeita complexidade do Homem começa a entrar em decadência, depois do seu apogeu no século XIX após a revolução industrial. O povo que por vezes aparenta ser mais ignorante do que aquilo que realmente é, começa naturalmente a aperceber-se de que a ciência não é nem pode ser a solução para todos os problemas. O seu lugar é apenas, o de mero instrumento na realização humana ou se quisermos, o de simples auxiliar do Homem.
O que suscita esta minha crítica, é porém a mentalidade, que tenho visto cada vez mais representativa no espírito actual, mentalidade essa que vê na Igreja e no ser católico um fardo, uma atitude antiquada e ultrapassada que representa um acréscimo de maçadas, numa socieade que opta claramente por buscar insaciavelmente, o prazer intenso e momentâneo em deterimento da satisfação gratificante e verdadeira que só advém com trabalho árduo, dedicação e entrega. A única capaz de prefazer inteiramente o ser humano, dando-lhe uma felecidade duradoura que provém dessa completude atingida e mantida a muito custo, mas mil vezes mais significativa para qualquer alma sensível com um mínimo de profundidade.
Acaso não percebem, que tudo isso é efémero? Que tudo isso desaparecerá, da mesma forma repentina com que chegou, não deixando nada para trás? Apenas vazio...um grande e solitário vazio. Se há uma coisa que aprendi na vida, foi que as coisas que dão mais trabalho a conseguir, aquilo que é mais dífil de alcançar, porque se nos apresenta como intangível ou requer dor, sofrimento e tempo, são as coisas que valem mais a pena e aquilo porque vale a pena lutar. Sei que neste nosso mundo é díficil de conseguir explicar isto. Numa terra, onde cada um luta por mais um euro, um lugar mais acima na tabela do consumismo ostensivo e supérfulo, passando por cima de tudo e de todos para comprar porcarias que não precisam, nem verdadeiramente querem; neste lugar despido e privado de todos os valores superiores, em que se deveriam assentar as nossas vidas, um baile de máscaras onde impera a falsidade, a hipócrisia e o egocêntrismo (ou egoísmo), qualquer proposta de uma felicidade através da total entrega da nossa vida, deve parecer pouco apelativa. O caminho fácil é sempre o mais tentador, mas é para o fim desse caminho que devemos olhar! A grandeza de cada um, vê-se naquilo que de verdadeiramente importante alcançou. Ora as coisas que realmente interessam, não se compram, não se tiram - conseguem-se, e são extremamente difíceis de se conseguirem e depois de se conservarem, assim a felicidade e por exemplo, o amor.
Não me cabe agora entrar na questão, da falta de lógica e sustentabilidade da visão ateia do universo. A religião e a descoberta do caminho verdadeiro que a fé cristã (partindo dos ensinamentos de Cristo) transmite, é um processo individual e um encontro, que para ser autêntico, terá de ser iminentemente livre e pessoal. Não caiam é na ignorância de dizer que, nesta sociedade "modernaça" a Igreja já não faz sentido. Deus não morreu. Está é constantemente a ser esquecido. A Igreja impõe deveres, não por capricho ou prepotência, mas para indicar aos que procuram a verdadeira felicidade terrena e espiritual um caminho, que em última análise vão ter de ser eles a querer e desejar precorrer. É isso que a Igreja é: um susteto um alicerce, uma ajuda, um farol que nos ilumina os caminhos a precorrer. Lembra-nos constantemente do que devemos almejar, afastando de nós toda a poeira que nos cega, no meio desta confusão da actualidade. É por isto que a Igreja, e naturalmente a religião, não é um fardo mas sim um alívio; necessário para que possamos cumprir os designios da nossa vida, alcançando uma satisfação realmente saciadora, que nos engrandeça enquanto Homens.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este é, sem dúvida, o post mais bem conseguido; pela importância do tema e pela sua opinião estruturante.

É fundamental que, para viver a vida em plenitude, sejamos conscientes da causa das nossas acções. Concrectamente, ao católico do século XXI, são apresentados vários obstáculos no que diz respeito à sua conduta. Obstáculos que passam pelo sacrifício da exigente doutrina, mas também pelo isolamento que a sociedade por vezes impõe.


“A Igreja impõe deveres, não por capricho ou prepotência, mas para indicar aos que procuram a verdadeira felicidade terrena e espiritual um caminho, que em última análise vão ter de ser eles a querer e desejar precorrer.”


Esta é exactamente a minha visão. Todos os sacrifícios e renúncias do crente não são o fim-em-si da religião. Na sua encíclica o Papa Bento XVI não podia ter correspondido melhor às minhas expectativas enquanto crente: “Deus é amor”, por conseguinte é o amor o grande desafio do católico. É na perspectiva do amor, que o católico, na minha opinião, deve conduzir a sua vida e enfrentar os obstáculos; ao seu abrigo todos os sacrifícios e renúncias se tornam menores comparados com a alegria verdadeira da plenitude que esse mesmo amor transmite.

P.A.

Thomaz Vaz disse...

Queria agradecer a P.A., não só pela constente fidelidade na leitura do nosso Blog, mas pelas suas valiosas contribuições na discussão destes assuntos tão fracturantes da nossa sociedade. Espero que mais pessoas sigam o seu exemplo, e contribuiam nestas discussões para construir um futuro melhor. Porque como diz Gabriel O Pensadror, na sua música "Até quando" e isto é cem por cento verdade: "Muda!Que quando a gente muda, o mundo muda com a gente! A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a gente muda, a gente anda prá frente. e quando a gente manda, ninguém manda na gente...Na mudança de actitude, não há mal que não se cure nem doença sem cura, na mudança de postura a gente fica mais seguro. Na mudança do presente, a gente muda o Futuro! Até quando você vai ficar sem fazer nada???"