quinta-feira, janeiro 18, 2007

Tenho uma dúvida, Srª Ministra...!



Todos os anos escolares são a mesma coisa. Já nos habituamos a que o Ministério da Educação, mude constantemente e sem justificação, os conteúdos programáticos, a estrutura do programa das disciplinas, ou simplesmente faça alterações ridículas na matéria leccionada, normalmente com a desculpa de “modernização” ou “inovação”…
A geração de 86, foi a ultima das gerações que ainda esteve sujeita a uma certa estabilidade, à medida que os programas para as gerações abaixo, se iam sucedendo vertiginosamente. E para quê? Por uma suposta melhoria no ensino? Por uma suposto, aumento do interesse dos alunos pelas matérias leccionadas? A experiência mostra que, tais propósitos para além de não serem as reais motivações por detrás da mudança, não surtiram quaisquer efeitos positivos, mas pelo contrário só prejudicaram o ensino já de si pobre em Portugal.
De que serviram a introdução de disciplinas, como Técnicas de Informação e comunicação, Área de Projecto ou Técnicas de Estudo??? Eu respondo – Para empregar as centenas de desempregados, que por não arranjarem um emprego noutro lado, se viram para o Ministério da Educação como se este fosse, a sua tábua de salvação. Já reuni vários testemunhos, e todos os que frequentaram tais cadeiras afirmam, unanimemente, a inutilidade e a paródia em que decorriam tais ensinamentos. Se é para ocuparem tempo aos alunos, mantendo os filhos longe de casa, pois é o que os pais querem (os pais que ligam mais ao trabalho, que à sua família), ao menos que ocupem o seu tempo com actividades úteis, como apoios de matemática – o bicho-de-sete-cabeças, e o grande calcanhar de Aquiles nacional.
Mais uma vez, os manuais escolares vão sofrer alterações (que surpresa…). Desta vez a desculpa é nada mais, nada menos, do que uma nova terminologia da língua portuguesa. Mas estamos a brincar com o fogo ou quê??? A população jovem, infelizmente e com grande tristeza minha, já ignora as regras mais essências da nossa língua, da sua riqueza de vocábulos à correcta utilização das palavras no seu sentido autêntico e no lugar certo da frase… E ainda vão complicar mais as coisas, adaptando uma das línguas mais bonitas do mundo, aos caprichos de uma “modernidade” simplista e ignorante? “Modernidade” essa baseada nos erros da oralidade, no calão dos bairros de lata e na importação de termos estrangeiros?
Nos velhos bons tempos, havia até à quarta classe um único manual, idêntico para todas as escolas, e comparem a qualidade do ensino de então com o ensino de hoje em dia. Quantas não são as pessoas com apenas a 4ª classe, que escrevem melhor, fazem melhor contas, e têm mais cultura geral do que muitos licenciados actuais!? Muitas mesmo.
Não será de estabilidade que os nossos alunos precisam? Não serão os livros, feitos para durarem, com seriedade e rigor cientifíco, ao invés publicam livros "supostamente mais interessantes" com textos e imagens de novelas e conteúdos televisivos de fraca qualidade, aqueles livros de que estamos a precisar? As melhores obras científicas e académicas, são aquelas que são feitas para durar, as que continuam válidas mesmo depois de decorridos largos anos, desde a sua publicação.
Ao que o nosso ensino chegou… Nas mãos de governantes irresponsáveis, e refém das editoras que impulsionam estas “reformas”, apenas para poderem vender mais livros. Pois dantes, os livros serviam para várias gerações, e hoje, todos os anos pedem aos pais que gastem centenas de euros em novos livros escolares para os seus filhos. Roubo que, dada a grave situação económica das famílias portuguesas me parece, dificilmente ou impossivelmente justificável! Abram os olhos, e vejam quem realmente está por detrás destas reformas e mudanças curriculares…Há anos que todos se queixam, mas para variar, em Portugal, ninguém faz nada. Mas não se esqueçam, é o futuro de Portugal que está em jogo, e tanto os pais como os educadores, os que estiverem realmente interessados na qualidade do ensino do nosso país, deveriam unir-se e exigir resultados em vez de reformas fictícias, pois o ensino é uma das funções que o nosso estado deve garantir, com qualidade, às futuras gerações de portugueses que vão suportar a economia nacional e consequentemente, a segurança social e o Estado de Direito.
Neste site - http://www.ipetitions.com/petition/contratlebs/tlebs.html- está a correr uma petiço online, apoiada por muitos professores, contra a introdução desta nova terminologia. Subscreva! Não demora mais de dois minutos, e a sua contribuição civíca, é como sempre essêncial.

2 comentários:

Anónimo disse...

Visto o meu outro comentário ter sido censurado, vou ser bastante sucinto:

Em que te baseias para dizer que o sistema escolar português está a deteriorar-se? Responde com factos sff, e não uma opinião subjectiva ou testemunhos recolhidos de um punhado de pessoas.

"As melhores obras científicas e académicas, são aquelas que são feitas para durar, as que continuam válidas mesmo depois de decorridos largos anos, desde a sua publicação."

Esta frase é totalmente irrealista. Qualquer manual científico está sujeito a constante escrutínio e, periodicamente, é revisto e reeditado, corrigindo os erros e incluindo conteúdos que reflectem as alterações nos conhecimentos da área que cobre. Como poderíamos então ter manuais que servissem gerações seguidas? Só correndo o risco de estes estarem permanentemente desactualizados, quer em termos de conteúdo quer em termos pedagógicos. Basta lembrar que há 30 anos era leccionado o francês como segunda língua, algo que se encontra totalmente desajustado à realidade actual onde o inglês é a língua franca.

Thomaz Vaz disse...

Meu caro, não respondi porque não tenho tido tempo para vir ao blog, com muita pena minha. Mas respondo agora e com o maior dos gostos, porque estou sempre ao dispor para responder às interpelações pertinentes que me são feitas.
Primeiro quero salientar que, como é óbvio é-me impossível apresentar dados concretos porque, simplesmente eles não existem, mas mesmo que existissem eram com toda a probabilidade governamentais e portanto pouco fiáveis. Quem confia num estudo sobre a educação, feito pelo próprio ministério da Educação que, mesmo numa sociedade utópica, além de prosseguir fins sociais e de desenvolvimento objectivos, numa sociedade como a nossa prossegue igualmente fins políticos? Que aliás muitas vezes, se sobrepõem aos primeiros. Por amor de Deus, estás a ser ingénuo. Os dados onde me apoio, são estes: 1º-Cada vez menos cultura geral, nas pessoas com que me cruzo; 2º- Cada vez, um uso mais degradado da nossa língua, nas pessoas mais novas com que me cruzo; 3º- a fraca capacidade, e os fracos conhecimentos, de muitas pessoas que frequentam ou frequentaram o ensino superior. E como sei isto? Basta conversar com um Professor Universitário, da anterior geração, para te aperceberes da sua incomparavelmente superior qualidade face aos professores mais novos, ou face aos recém-formados ou formandos… ou então perguntar-lhe directamente o que acha, dos novos alunos.
Lá por ser a tua formação científica não quer dizer que o conhecimento empírico ou popular, não seja igualmente válido e importante muitas vezes detectando, face às ciências, os problemas de forma muito mais precoce e sugerindo “curas” mais eficazes. Desprezas de mais o que não é científico, e numa altura em que está provado (o que é irónico), que a sociedade da crença cega no progresso científico está em crise, e que a ciência não é resposta para tudo, isso é uma atitude pouco inteligente.
Nunca disse, que os manuais não deveriam ser jamais alterados. O que disse, é que devem ser feitos para durar. Os teus argumentos são demagógicos, primeiro porque nenhuma língua é mais importante que outra, ambas têm a sua cultura, a sua história, o seu incomparável valor… O que há são línguas, com mais expressão no mundo que outras! Mas que te diz a ti, que daqui dez anos o Inglês, não cairá em desuso e a língua dominante passe a ser, por exemplo, o espanhol??? E segundo porque, sabes muito bem que certas disciplinas não precisam de uma actualização anual (nem mesmo, hoje em dia, certas aéreas das ciências); deixa-me relembrar-te, que as últimas alterações consistiram na introdução de textos e imagens mais “actuais” retirados de novelas e de outras “amostras” de cultura modernaça.
Cada um vê o que quer ver, mas não sejas tão crédulo assim nas virtudes desta “suposta democracia”.